Regime de Informação: Em Busca da Construção de Um Conceito

O conceito de "regime de informação" tem ganhado destaque na Ciência da Informação, servindo como uma estrutura analítica para políticas de informação. No Brasil, essa abordagem foi impulsionada por estudiosos como Bernd Frohmann, Maria Nélida González de Gómez e Sandra Braman.
regime de informação



O que é um regime de informação?

Um regime de informação refere-se a um conjunto de normas, regras e práticas que definem como a informação é gerenciada, compartilhada e controlada dentro de uma sociedade ou organização. Ele atua como uma estrutura que organiza as interações entre os diversos agentes, influenciando comportamentos e decisões no ecossistema informacional.

Além disso, um regime de informação não está limitado a práticas formais, como legislações ou políticas governamentais. Ele também inclui pactos informais e convenções culturais que regulam o fluxo e o acesso à informação. Isso demonstra sua abrangência, afetando desde aspectos técnicos, como o design de sistemas de informação, até as dinâmicas de poder em contextos sociais.

Figura 2 – Composição de um regime de informação
Fonte: Delaia; Freire, 2010, p. 121.


Qual a importância do conceito de regime de informação na Ciência da Informação?

O conceito de regime de informação é fundamental para ampliar a análise das políticas de informação, permitindo que sejam consideradas sob uma perspectiva mais holística. Ele destaca a interconexão entre os fatores políticos, sociais e econômicos que moldam a maneira como a informação é controlada e utilizada, indo além das abordagens restritas que tradicionalmente limitam o campo.

Além disso, ao enfatizar as relações de poder inerentes à produção e disseminação da informação, o conceito oferece uma visão crítica que pode ser aplicada a diversos contextos. Ele possibilita a identificação de desigualdades no acesso à informação e a compreensão de como decisões políticas impactam o ecossistema informacional, ajudando a propor soluções mais justas e inclusivas.


Quais foram as críticas de Bernd Frohmann às interpretações tradicionais das políticas de informação?

Frohmann identificou cinco limitações nas abordagens tradicionais:

  1. Restrição das políticas de informação às políticas governamentais, especialmente documentos oficiais. Ele argumenta que essa visão limitada desconsidera a influência de atores não governamentais no campo informacional.

  2. Foco excessivo na informação técnico-científica, negligenciando outras formas de informação, como informações culturais ou locais.

  3. Abordagem restrita à epistemologia, limitando-se às disciplinas acadêmicas.

  4. Ênfase em questões instrumentais, como implementação de tecnologias e otimização da comunicação governamental, que acabam por reduzir a complexidade do campo.

  5. Desconsideração das relações entre informação e poder, que são centrais para entender os impactos sociais e políticos das políticas de informação.


Como Frohmann define um regime de informação?

Frohmann, baseando-se em autores como Aines e Day, sugere que um regime de informação é caracterizado por pactos informais que moldam o desenvolvimento e o funcionamento de sistemas ou redes de informação. Mesmo na ausência de uma ação governamental direta, esses pactos exercem controle sobre os sistemas de informação, influenciando como eles operam e quem se beneficia deles.

Esses regimes de informação funcionam como estruturas de poder, organizando as interações entre os diferentes agentes envolvidos. Eles definem não apenas o acesso à informação, mas também quais narrativas são legitimadas e como os dados são utilizados para tomar decisões. Isso os torna ferramentas poderosas para entender dinâmicas sociais e econômicas em escala global.


Qual a relevância do conceito de regime de informação para a análise de políticas de informação no Brasil?

A perspectiva do regime de informação foi utilizada para compreender o papel da informação nas transformações do marco regulatório da indústria de petróleo e gás natural no Brasil, analisando os principais atores nesse processo sob uma ótica macropolítica. Isso demonstra como o conceito pode ser aplicado para entender mudanças significativas em setores estratégicos, considerando as dinâmicas informacionais e de poder envolvidas.

Para uma leitura mais aprofundada sobre o regime de informação e suas aplicações, recomendo consultar o livro completo disponível na referência desta postagem.



Referência:

COSTA, Alexandre S. O Regime de Informação: Um Olhar sobre o Marco Regulatório da Indústria de Petróleo e Gás Natural no Brasil. p. 23 – 37. Disponível aqui.

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