Por que a produção de conhecimento em Arquivologia depende de programas de Ciência da Informação?
A produção de conhecimento em Arquivologia no Brasil está intimamente ligada aos programas de pós-graduação em Ciência da Informação, principalmente devido à ausência de programas específicos em Arquivologia no país até meados dos anos 2000. Isso levou pesquisadores arquivísticos a buscar oportunidades em áreas correlatas, como a Ciência da Informação, para desenvolver suas investigações. Assim, muitos conceitos, metodologias e abordagens fundamentais da Arquivologia foram moldados dentro desse contexto interdisciplinar.
Essa dependência também é reflexo da interdisciplinaridade inerente à Arquivologia, que frequentemente recorre a teorias de outros campos para resolver problemas práticos e teóricos. Contudo, essa relação muitas vezes é vista como circunstancial e não epistemológica, o que evidencia a necessidade de fortalecer a produção acadêmica exclusivamente arquivística para consolidar a área como um campo independente.
Como os livros contribuem para a comunicação científica em Arquivologia?
Os livros desempenham um papel crucial na comunicação científica, especialmente na Arquivologia, onde servem como um meio de consolidar teorias, disseminar metodologias e promover debates aprofundados. Por serem derivados de teses e dissertações, muitos livros publicados no Brasil trazem contribuições originais e detalhadas, atuando como ferramentas essenciais para o avanço do campo.
Além disso, os livros acadêmicos têm um impacto significativo na formação de novos profissionais. Eles proporcionam acesso a um corpo teórico consistente, ajudando estudantes e pesquisadores a entenderem melhor os desafios e as práticas da Arquivologia. Em um contexto onde artigos e relatórios frequentemente oferecem apenas uma visão breve, os livros permitem uma exploração mais completa e profunda dos temas abordados.
Qual o principal desafio enfrentado pela Arquivologia no Brasil?
Um dos maiores desafios enfrentados pela Arquivologia no Brasil é sua subordinação à Ciência da Informação no sistema de classificação do CNPq. Essa categorização muitas vezes reduz a visibilidade e a autonomia do campo, levando a debates sobre a necessidade de reconhecimento formal como uma área independente.
Embora a Arquivologia possua um “core” único que justifica sua independência, a consolidação como área científica autônoma requer mais esforços. É preciso fortalecer as publicações específicas, ampliar os programas de pós-graduação e incentivar a colaboração entre pesquisadores para superar as limitações impostas por essa subordinação.
Fonte:
Autor: Alexandre de Souza Costa
Artigo completo em: Produção de Conhecimento em Arquivologia ou em Ciência da Informação? Uma análise a partir dos livros originados de teses e dissertações em ciência da informação no Brasil.